Introdução
Por Dra. Luiza D. Perini
Médica, Especialista em Gastroenterologia
Os cistos pancreáticos são lesões localizadas no pâncreas compostas por conteúdo líquido. Os cistos do pâncreas são diagnosticados com cada vez mais frequência devido a realização frequente de exames de imagem para avaliação de sintomas muitas vezes não relacionados com o pâncreas. Para termos uma ideia, esses cistos podem ser detectados em 40 a 50 % dos pacientes submetidos à ressonância magnética do abdome por motivos não relacionados.
Apesar de grande parte das lesões císticas do pâncreas serem benignas, algumas lesões podem levar à malignidade e, portanto, há necessidade de avaliação médica adequada e especializada para estabelecimento da melhor conduta frente a um cisto do pâncreas.
Para compreender melhor o tema, é importante entendermos o que é o pâncreas e como funciona nosso sistema digestório.
O Sistema digestório compreende vários órgãos que tem como principais funções receber os alimentos, realizar reações químicas (digestão), absorver os nutrientes preparados e executar a eliminação dos resíduos (fezes). Para tal possui órgãos tubulares (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) por onde os alimentos e posteriormente as fezes são conduzidas e os chamados órgãos anexos (glândulas salivares, fígado, vesícula, pâncreas) que auxiliam o processo digestivo através da produção e liberação de sucos (enzimas) sobre o bolo alimentar. É importante conhecermos a anatomia do trato digestório e suas funções pois doenças nestes locais irão causar diferentes formas de apresentação, sintomas e consequências em nosso organismo.
O processo de digestão já se inicia na cavidade oral, onde o ato da mastigação amassa o alimento, cortando-o, macerando e reduzindo em pequenos fragmentos, facilitando de imediato a ação de enzimas digestivas encontradas na saliva.
Na sequência, esse bolo alimentar é encaminhado ao esôfago que irá transportá-lo até o estômago. Neste ponto que ocorre a maior parte do processo de digestão, pela ação do potente ácido gástrico (clorídrico) e de várias enzimas resultando na transformação do alimento em um composto pastoso/líquido.
Tais reações são de fundamental importância para que o próximo órgão, o intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), consiga absorver os nutrientes adequadamente. Para isso, conta com auxílio da ação da bile (vesícula biliar e fígado) e suco pancreático (pâncreas) e de sua grande extensão e diferentes e especializados locais de absorção.
O Pâncreas é uma glândula localizada na parte superior do abdome, em uma área chamada de retroperitônio, situada atrás do estômago. É responsável pela produção do suco pancreático liberado no duodeno (parte inicial do intestino delgado) para auxiliar no processo de digestão dos alimentos. As principais enzimas do suco pancreático são a amilase e a lipase que atuam quebrando os alimentos em pedaços menores. A amilase é especializada na digestão do carboidrato, enquanto a lipase atua principalmente sobre a gordura.
Além disso, o pâncreas possui estruturas chamadas de ilhotas de Langerhans que serão responsáveis pela produção de hormônios como, por exemplo, insulina, somatostatina e glucagon que agem na regulação da glicose do organismo.
Após ocorrer o processo de digestão e absorção de nutrientes, o resíduo que agora apresenta aspecto líquido (fezes líquidas), será encaminhado e liberado no intestino grosso (cólon), onde através de movimentos propulsores e processo de reabsorção de água pelas paredes, irá transformar e armazenar as fezes em consistência pastosa/sólida até sua expulsão pelo reto (defecação).
Dra. Luiza D. Perini é Médica, Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, Membro da diretoria da Acelbra-SC (Associação Brasileira dos Celíacos de Santa Catarina). Também é membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia, membro do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB) e International Member of the merican Pancreatic Association (APA).
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