Introdução
Por Dr. Juliano C. Ludvig e Dra. Luiza D. Perini
Médicos, Especialistas em Gastroenterologia
Os distúrbios funcionais do trato gastrointestinal são doenças benignas, de evolução crônica (prolongada), muito frequentes na população mundial que resultam em elevado impacto na qualidade de vida dos pacientes. Os distúrbios funcionais são diferenciados de outras doenças gastrointestinais pela ausência de anormalidades estruturais e bioquímicas identificadas nos exames de investigação, ou seja, não se encontram alterações em exames que expliquem as queixas.
O termo dispepsia tem origem do grego (dys = dificuldade, imperfeição e pepse = digestão) e corresponde popularmente a “má-digestão, gastrite crônica ou gastrite nervosa”. Aproximadamente 20% da população apresentam sintomas de dispepsia em todo o mundo. A dispepsia engloba uma série de sintomas como dor ou queimação epigástrica (no estômago), sensação de plenitude pós prandial (após a refeição) e saciedade precoce.
Aproximadamente 25% dos pacientes com dispepsia possuem uma causa orgânica subjacente, por exemplo úlcera péptica, gastrite, refluxo gastroesofágico e medicamentos. No entanto, até 75% dos pacientes apresentam a chamada dispepsia funcional, caracterizada pela ausência de causa orgânica relacionada. A dispepsia funcional refere-se então a pacientes com dispepsia em que a avaliação clínica, os exames laboratoriais e a endoscopia digestiva alta descartaram uma patologia orgânica que explica os sintomas presentes.
Para compreender como ocorrem as doenças relacionadas ao Sistema Digestório, é importante entendermos como ele funciona. O Sistema digestório compreende vários órgãos que tem como principais funções receber os alimentos, realizar reações químicas (digestão), absorver os nutrientes preparados e executar a eliminação dos resíduos (fezes). Para tal possui órgãos tubulares musculares (esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) por onde os alimentos e posteriormente as fezes são conduzidos e os chamados órgãos anexos (glândulas salivares, fígado, vesícula, pâncreas) que auxiliam o processo digestivo através da produção e liberação de sucos (enzimas) sobre o bolo alimentar.
O processo de digestão já se inicia na cavidade oral, onde o ato da mastigação amassa o alimento, cortando-o, macerando e reduzindo em pequenos fragmentos, facilitando de imediato a ação de enzimas digestivas encontradas na saliva.
Na sequência, esse bolo alimentar é encaminhado ao esôfago que irá transportá-lo até o estômago. É na câmara gástrica que ocorre a maior parte do processo de digestão, pela ação do potente ácido gástrico (clorídrico) e de várias enzimas resultando na transformação do alimento em um composto pastoso/líquido.
Tais reações são de fundamental importância para que o próximo órgão, o intestino delgado, consiga absorver os nutrientes adequadamente. Para isso, conta com auxílio da ação da bile (vesícula biliar e fígado) e suco pancreático (pâncreas) e de sua grande extensão e diferentes e especializados locais de absorção (duodeno, jejuno e íleo). Após ocorrer o processo de absorção de nutrientes, o resíduo que agora apresenta aspecto líquido (fezes líquidas), será encaminhado e liberado no intestino grosso (cólon), onde através de movimentos propulsivos e processo de reabsorção de água pelas paredes, irá transformar e armazenar as fezes em consistência pastosa/sólida até sua expulsão pelo reto (defecação).
Para compreender as doenças funcionais do sistema digestório, é importante entender que no organismo humano existe uma comunicação direta entre o sistema nervoso central (cérebro) e o trato gastrointestinal, chamada de “EIXO CÉREBRO-INTESTINAL”. É devido a esse “eixo cérebro-intestinal” que quando estamos ansiosos ou com medo, percebemos uma sensação de frio no estômago, ou quando estamos muito nervosos podemos sentir dor na barriga e até mesmo ter diarreia. Isso acontece porque nosso cérebro e trato gastrointestinal estão em constante comunicação.
Eixo cérebro-intestinal
O trato gastrointestinal é constituído por mais de 100 milhões de neurônios (células especializadas nervosas) e possui inúmeras terminações que compõem o chamado sistema nervoso entérico. Através deste sistema e o nervo vago ocorre a interação entre o sistema digestório e o sistema nervoso central. Essa interação consiste em uma comunicação complexa, bidirecional, que ocorre por meio de interações nervosas, sensoriais, imunológicas, endócrinas e interações relacionadas à microbiota intestinal. A fisiopatologia das doenças gastrointestinais funcionais ainda não é totalmente compreendida, no entanto sabe-se que essas doenças são caracterizadas por alterações no Eixo Cérebro-Intestinal.
Dra. Luiza D. Perini é Médica, Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, Membro da diretoria da Acelbra-SC (Associação Brasileira dos Celíacos de Santa Catarina). Também é membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia, membro do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB) e International Member of the merican Pancreatic Association (APA).
Dr. Juliano C. Ludvig é Médico, Especialista em Endoscopia Digestiva pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED e Especialista em Gastroenterologia Clínica pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG. É Coordenador Regional da ABCD - Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn. É Membro Titular do GEDIIB - Grupo de Estudos das Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil. É Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital Santa Isabel e Presidente do Centro de Estudos do mesmo hospital. Tem Residência Médica em Clínica Médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e Residência Médica em Gastroenterologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Também é International Member of the American College of Gastroenterology e International Member Of the ECCO - European Crohn’s and Colitis Organization.
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