Aspecto fisiológico das DIIs na gestação
Por Dr. Juliano C. Ludvig
Médico, Especialista em Gastroenterologia
A fisiopatologia da interação entre as doenças inflamatórias intestinais (DII) e o funcionamento da placenta não é totalmente compreendida, mas pode ser influenciada por vários fatores associados à inflamação sistêmica e ao estado de saúde da mãe. A DII, pode afetar a gravidez de diversas maneiras, especialmente se a doença estiver ativa durante a gestação. Vamos explorar algumas das considerações mais relevantes:
Inflamação Sistêmica:
A inflamação crônica sistêmica, característica das DII, pode ter efeitos adversos sobre a placenta e, consequentemente, sobre o desenvolvimento fetal:
- Resposta Inflamatória: A inflamação sistêmica pode levar a alterações no fluxo sanguíneo placentário, afetando a troca de nutrientes e gases entre mãe e feto. Isso pode resultar em estresse oxidativo e inflamação placentária, que podem comprometer a função placentária.
- Citocinas Pró-inflamatórias: Altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-6 e IL-1β, comuns em pacientes com DII ativa, podem afetar negativamente a função placentária. Essas citocinas podem alterar a estrutura e função dos vasos sanguíneos placentários, potencialmente levando a condições como pré-eclâmpsia e crescimento fetal restrito.
Nutrição e Absorção:
A má absorção de nutrientes é um problema comum em pacientes com DII ativa, o que pode afetar a saúde placentária e fetal:
- Deficiências Nutricionais: Deficiências em vitaminas essenciais e minerais podem comprometer a formação e função da placenta. Nutrientes como ferro, ácido fólico, zinco e vitaminas do complexo B são cruciais para o desenvolvimento placentário normal e para a saúde fetal.
- Estado Nutricional da Mãe: A desnutrição materna pode afetar diretamente a capacidade da placenta de fornecer nutrientes ao feto, o que pode resultar em baixo peso ao nascer e outros problemas de desenvolvimento fetal.
Imunidade Materno-Fetal:
A DII pode influenciar a interface imunológica entre a mãe e o feto, um aspecto crítico para a manutenção de uma gravidez saudável:
- Tolerância Imunológica: A inflamação crônica pode perturbar a tolerância imunológica necessária para proteger o feto, que é geneticamente distinto da mãe. Isso pode aumentar o risco de complicações como aborto espontâneo.
Em resumo, a fisiopatologia do funcionamento da placenta em pacientes com DII é complexa e envolve múltiplos aspectos da interação entre a inflamação sistêmica, estado nutricional, tratamento médico e imunidade materno-fetal. A gestão cuidadosa da DII durante a gravidez é essencial para minimizar os riscos para a função placentária e o desenvolvimento fetal.
Dr. Juliano C. Ludvig é Médico, Especialista em Endoscopia Digestiva pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED e Especialista em Gastroenterologia Clínica pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG. É Coordenador Regional da ABCD - Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn. É Membro Titular do GEDIIB - Grupo de Estudos das Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil. É Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital Santa Isabel e Presidente do Centro de Estudos do mesmo hospital. Tem Residência Médica em Clínica Médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e Residência Médica em Gastroenterologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Também é International Member of the American College of Gastroenterology e International Member Of the ECCO - European Crohn’s and Colitis Organization.
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